A reformulação do Parlamento Europeu, evento direcionador das políticas nos diversos países, tem se pautado principalmente em duas questões: a Imigração e o Meio-Ambiente. Em um outro ensaio levaremos em conta os motivos da Diáspora desses imigrantes, em função das crises climáticas cada vez mais latentes.
Neste breve ensaio, segundo nosso viés de compreender as diversidades culturais que formam os territórios, focamos no primeiro dos temas.
Do ponto de vista dos imigrantes, a busca por postos de trabalho é um grande desafio, quase intransponível para aqueles que chegam sem os mínimos requisitos técnicos ou educacionais.
Fazendo uma analogia com o processo histórico de migração para o Sudeste do Brasil, ocasionado pela crise hídrica sofrida pela Região Nordeste no século XX, a falta de alocação em empregos, mesmo aqueles que necessitavam de baixos níveis de qualificação, contribuiu para a formação de bolsões de pobreza, normalmente nas periferias das grandes metrópoles.
Vale salientar que o estabelecimento de medidas de restrição à imigração não qualificada, além do alto risco de ineficácia, seria altamente impopular. A alternativa viável é promover programas de qualificação e de inserção da mão-de-obra imigrante. A solução começa por identificar as necessidades de qualificação por parte dos empregadores.
O Projeto Social Nós Podemos, conduzido pela especialista em comunicação Camila Dutra, tem coletado e organizado um grande conjunto dessas informações.
O procedimento proposto seria encarregar uma associação de apoio à imigração, em conjunto com centros de formação, para acolher e aconselhar imigrantes. Há já louváveis iniciativas de aplicações móveis para facilitar o intercâmbio, mas as dificuldades apresentadas pelo contingente imigrante geralmente vão além do acesso a funcionalidades informáticas, tornando indispensável o contacto humano.
Finalizando, apesar de todos os esforços conjuntos que um processo de qualificação de imigrantes poderia acarretar, ainda seria uma alternativa muito mais vantajosa, em todos os sentidos, do que a antipática e ineficaz restrição à imigração.
Laércio de Matos Ferreira
Laércio de Matos Ferreira, sócio-fundador da Associação Portuando, é investigador, em nível de pós-doutoramento, na área de Inovação Territorial junto à Universidade de Aveiro. Possui doutorado em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestrado em Gestão pela Universidade Estadual do Ceará. É mentor associado à BrasileiroSou, além da Rede MentAll, da Universidade de Aveiro.
Célia Matos – Co-autora
Graduada em Administração de Empresas com MBA em Gestão de Pessoas, trabalhou durante 38 no Banco do Nordeste (banco público com missão de desenvolvimento da região do Nordeste brasileiro).
Com experiência em gestão de pessoas, contratos públicos, governança e Microcrédito, atualmente é proprietária da empresa Docendo Discimus, com atuação na formação de profissionais e consultoria em processos de compras de produtos e serviços com o setor público.
Veja quem é Laércio de Matos Ferreira Segue a Associação Portuando Outros Temas de Laércio de Matos Ferreira: #1 Todo empreendedor é inovador? #2 No novo paradigma digital os professores serão também mentores de negócios? #3 Afinal, nós falamos brasileiro ou português do Brasil? #4 A importância da informação no processo negocial #5 As relações de poder na negociação #6 Um dia sem brasileiros em Portugal #7 De hipopótamos a protozoários #8 Reflexões sobre a criação de um programa de microcrédito orientado para imigrantes #9 Reflexões sobre a criação de um programa de microcrédito orientado para imigrantes II #10 Qualificar a imigração é muito melhor do que reprimir |
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