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Um dia sem brasileiros em Portugal

Um dia sem brasileiros em Portugal
Institucional

Um dia sem brasileiros em Portugal – A humanidade sempre teve na cultura seu principal veículo de transmissão do conhecimento entre gerações. Eventos marcantes na história, como vitórias e manifestações políticas, sempre foram aliados a livros, pinturas, canções, filmes… Os filmes, em particular, são importantes reflexões, às vezes inspirados em fatos históricos, outras em realismo fantástico totalmente deslocado do tempo.

Uma película que merece destaque, relacionada ao tema que tratamos neste ensaio, é a magnífica “Um dia sem mexicanos”, de Sérgio Arau. O filme relata uma situação hipotética em que 18 milhões de imigrantes mexicanos desaparecem da Califórnia. Os mexicanos e demais latinos residentes nos Estados Unidos ocupam várias posições dentro da dinâmica econômica daquele país, mas em sua grande maioria exercem funções com menor retorno salarial, como porteiros, vigilantes ou zeladores. O caos se instala na região, mas muitas pessoas não entendem como “apenas uma parte dos mexicanos” havia desaparecido. Na verdade, para essas pessoas todos os hispânicos eram chamados de mexicanos, ou “chicanos”, porque não percebiam diferenças culturais ou de sotaques.

De maneira análoga, embora no Brasil sejamos cariocas, paulistas, pernambucanos, gaúchos ou amazonenses, quando emigramos somos todos chamados de brasileiros, porque para os países que nos abrigam, mesmo quando também falam português, é muito difícil identificar os regionalismos. Há algum tempo uma emissora brasileira, famosa internacionalmente por suas novelas, criou um sotaque para designar qualquer pessoa nascida na Região Nordeste do País, em que sabemos serem muito diferentes sotaques e tradições culturais.

A história do desenvolvimento socioeconômico no Brasil infelizmente é permeada por episódios de preconceitos regionais, de cunho econômico, cultural e até intelectual. No entanto, aqui somos todos conhecidos como “brasileiros”, e muitas vezes também sofremos preconceito por isso porque, fora do Brasil, não importa que sejamos paulistas, cariocas, pernambucanos, gaúchos ou amazonenses.

Este breve ensaio tem o propósito de provocar uma reflexão sobre a importância de praticarmos o resgate da unicidade nacional como fator de fortalecimento de nossa sustentação como migrantes. Afinal, o filme do diretor Sérgio Arau poderia também ser intitulado “Um dia sem nordestinos em São Paulo” ou “Um dia sem brasileiros em Portugal”?

Laércio de Matos Ferreira

Laércio de Matos Ferreira, sócio-fundador da Associação Portuando, é investigador, em nível de pós-doutoramento, na área de Inovação Territorial junto à Universidade de Aveiro. Possui doutorado em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestrado em Gestão pela Universidade Estadual do Ceará. É mentor associado à BrasileiroSou, além da Rede MentAll, da Universidade de Aveiro.

Veja quem é Laércio de Matos Ferreira
Segue a Associação Portuando

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#5 As relações de poder na negociação
#6 Um dia sem brasileiros em Portugal

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