O labirinto dos juros e as armadilhas das redes sociais no mercado imobiliário – Em tempos de incerteza econômica, muitos olham para o mercado imobiliário como uma âncora de estabilidade. No entanto, como revela nossa análise, a realidade financeira pode ser muito mais complexa do que parece à primeira vista.
Em tempos de plataformas digitais e uma enxurrada de influenciadores, é fácil se deixar seduzir por conselhos aparentemente dourados. Afinal, quem não viu aquele influenciador do Instagram ou do TikTok aconselhando sobre os “segredos” do investimento imobiliário? Mas, quando se trata de comprar um apartamento, é preciso fazer as contas e não acreditar em tudo que se vê online.
Imagine-se diante de uma oferta: um charmoso apartamento T2 nos arredores do Porto, com um preço de 160.000 euros. A promessa de arrendamento em torno dos 900 euros mensais, proclamada em feeds e stories, parece uma chance de ouro. Em termos anuais, isso representa 10.800 euros. No entanto, a realidade financeira é mais complexa do que muitos vídeos de 60 segundos podem retratar.
A entrada no mundo imobiliário vem com as suas próprias “pegadinhas”. Os custos iniciais da compra não se restringem ao valor do imóvel. Existem custos adicionais em torno de 4%, o que representa um adicional de 6.400 euros. Estes, juntamente com uma entrada padrão de 10%, elevam a despesa inicial a 22.400 euros.
E então entra o desafio das taxas de juro. Num cenário onde os juros reais rondam os 7% a.a. devido a alta da EURIBOR e ao risco do mercado, o montante financiado de 137.600 euros traria um encargo anual de 9.632 euros. E isso antes de considerar os impostos sobre os rendimentos do arrendamento e os custos de condomínio, que são suportados pelo proprietário.
Mas, e se quisermos equilibrar a balança? Qual seria a taxa de juro que nos permitiria quebrar esse impasse financeiro, ou alcançar o breakeven? Para responder a esta pergunta, precisamos primeiro entender o que representaria esse ponto de equilíbrio. O rendimento líquido, depois de considerados os impostos e os custos de condomínio, ficaria em 7.176 euros. Isto significa que, para não se registar perdas, os custos de financiamento não deveriam exceder esse valor anual. Entrando no mundo dos números, e utilizando o montante financiado como referência, a equação revela que a taxa de juro “x” necessária para atingir esse ponto de equilíbrio ronda os 5,21% ao ano, considerando-se o spread mais a EURIBOR.
O que isso nos mostra? Primeiro que não é impossível dado que a EURIBOR 12m está rondando os 4% hoje, mas existe a necessidade imperativa de olhar além do óbvio. Enquanto a ideia de arrendar um imóvel na região metropolitana do Porto pode inicialmente parecer lucrativa, as variáveis financeiras podem rapidamente virar o jogo. E, num mercado onde as taxas de juro estão em constante movimento, ter um entendimento claro dos números é fundamental.
Em conclusão, enquanto o mercado imobiliário oferece oportunidades genuínas, é fundamental manter-se informado e céptico. Não se deve deixar enganar por conselhos rápidos e muitas vezes superficiais das redes sociais. A chave é a pesquisa, o entendimento e, sobretudo, um planeamento financeiro sólido. Afinal, um investimento bem-sucedido é fruto de decisões bem-informadas, e não de tendências passageiras.
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Wagner Ceulin
Engenheiro e Diretor Executivo do Grupo AWANTT. Hoje, apresenta-nos o texto: ” Juros e Redes Sociais no Mercado Imobiliário. “
Veja quem é Wagner Ceulin Conhece AWANTT PRIME Segue a AWANTT PRIME Outros Temas de Wagner Ceulin: #1 Financiamento Imobiliário em Portugal? #2 Dicas para remodelação ou construção #3 O drama do arrendamento #4 Importância do projeto de arquitetura na remodelação #5 O avanço da IA na Construção Civil #6 Juros e Redes Sociais no Mercado Imobiliário |